Processo Seletivo Professores – Etec MCM – 17/04/2024

Biblioteca Ativa – Mês do escritor – Abril – Maria Clara Machado

Maria Clara Machado

Maria Clara Jacob Machado (1921-2001) nasceu em Belo Horizonte/MG no dia 3 de abril de 1921. Com 4 anos muda-se com a família para o Rio de Janeiro e desde criança conviveu com grandes nomes da literatura, da música e da pintura que frequentavam sua casa. Com 15 anos ingressou no Movimento Bandeirante, época em que descobriu sua vocação para o teatro.

Em 1949 participou da criação do grupo de teatro amador “Os Farsantes”, que montou a peça “A Farsa do Advogado Pathelin”, levada ao teatro de Bolso no Rio de Janeiro. Com 28 anos, recebeu uma bolsa de estudos do governo francês para cursar a escola de atores “Education Par les Jeux Dramatiques”, em Paris. Convidada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, durante as férias, fez um curso de teatro em Londres.

De volta ao Brasil, fez parte do elenco do filme “Ângela” (1951) produzido pela Companhia Vera Cruz. Nesse mesmo ano, com o apoio do pai e de um grupo de amigos, fundou o teatro amador “Tablado”, que estreou com a apresentação da peça “O Pastelão e a Torta”. Nesse mesmo ano, apresentou a peça “A Moça da Cidade”, ambas sob sua direção.

Seu primeiro grande sucesso veio com a peça “O Boi e o Burro a Caminho de Belém” (1953), um auto de Natal que recebeu elogios da crítica. Em 1954 apresenta outra peça de sucesso, “O Rapto das Cebolinhas”, que recebeu o Prêmio de “Melhor Autor” no Concurso Anual de Peças Infantis da Prefeitura do Distrito Federal. Em 1955 apresenta a peça “Pluft, o Fantasminha”, que recebeu os prêmios de “Melhor Autor” e “Melhor Espetáculo”, da Associação Paulista de Críticos de Teatro.

Em 1956 iniciou a publicação dos “Cadernos de Teatro”. Entre 1959 e 1974, foi professora de Improvisação no Conservatório Nacional de Teatro. Em 1964, iniciou o primeiro curso regular de teatro no Tablado e permaneceu na coordenação do mesmo até o ano de 1999.

Em 1966 escreveu sua primeira peça para adultos, “As Interferências”. Em seguida escreveu: “Misse Brasil” (1970), “Os Embrulhos” (1970) e “Um Tango Argentino” (1972). Entre 1953 e 2000, Maria Claro escreveu um total de 27 peças para o público infantil e cinco para adultos. Além das já citadas, destacam-se: “A Bruxinha Que Era Boa” (1958), “O Cavalinho Azul” (1960), “A Menina e o Vento” (1963), “O Dragão Verde” (1984), “Jonas e a Baleia” (2000), sua última peça, escrita em parceria com Cacá Mourthé, sua sobrinha.

O “Tablado” foi o responsável pela formação de várias gerações de atores, entre eles, Marieta Severo, Louise Cardoso, Drica Moraes, Malu Mader e Cláudia Abreu. Maria Clara foi considerada a maior autora de teatro infantil do país.

Maria Claro Machado faleceu no Rio de Janeiro, no dia 30 de abril de 2001.

Obra de Maria Clara Machado: Pluft, O Fantasminha; Tribobó City; O Cavalinho Azul; Dragão Verde; Clarinha na Ilha; Aventura do Teatro; Dudu e o Dinossauro; Lila e Sibila na Praia; Eu e o Teatro; Pacheco, O Cachorro Gigante; Teatro IV; O

Sapateiro Feliz; A Menina e o Vento e Outras Peças; A Bruxinha que Era Boa e Outras Peças; As Cigarras e os Formigas e Outras Peças; Aventura do Teatro; Rapto das Cebolinhas; Antologia de Histórias; Diamante do Grão-Mogol: o Camaleão na Lua; Maria Minhoca a Volta do Camaleão Alface; Uma Aventura na Floresta; A Viagem de Clarinha; Teatro V; Quem Matou Leão?

-Alô! Oi Patrícia. O quê?… Não… Não… não é possível! Não! Mas a Vânia é tão santinha… Que escândalo! Tá… tá… tá… Claro que não vou fofocar. Detesto essas coisas… Beijo. Mas a Vânia! Fingida.

-Alô! Oi, Maria. Tenho uma ótima para te contar. Sabe a Vânia, a santinha?

-Sei. Sei… e daí?

-Menina, eu soube de uma…

Biblioteca Ativa – Abril Azul – Dia Mundial da Conscientização do Autismo

Abril Azul: história e significados

Mês surgiu a partir da definição pela ONU, em 2008, do dia 2 de abril como o “Dia Mundial da Conscientização do Autismo”

O Abril Azul é comemorado todos os anos como um mês dedicado à conscientização do autismo. Monumentos pelo Brasil e em todo o mundo são iluminados com a cor usada hoje para representar o espectro e diversas campanhas expõem conceitos básicos e dicas para evitar o capacitismo no dia a dia.O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento e, ao contrário de pessoas com outras síndromes, como a síndrome de Down, o autista não possui características que podem ser identificadas pelo olhar. Por isso, o autismo é considerado uma deficiência invisível e é comum autistas com baixa necessidade de suporte ouvirem a expressão: “nem parece autista”.

A frase é capacitista e equivocada justamente porque, além de não existirem características físicas que ajudam a identificar o autista, o autismo é um espectro, daí o termo médico Transtorno do Espectro Autista (TEA). Quando falamos em espectro, queremos dizer que nenhum autista é igual ao outro e que cada um vai representar a diversidade do transtorno de forma única. Ninguém “parece autista”. Apenas é.

Falta de compreensão tem um tremendo impacto sobre os autistas, suas famílias e comunidades, diz a ONU

Este tipo de pensamento prejudica especialmente o diagnóstico de pessoas com autismo de grau 1, também conhecido como autismo leve ou autismo de baixo grau de suporte. Como não correspondem a nenhum estereótipo, enfrentam mais dificuldades para serem diagnosticados, especialmente no caso das mulheres.

Hoje, sabe-se que a cada três meninos, apenas uma menina é diagnosticada com autismo, de acordo com dados do CDC (Centers for Disease Control and Prevention, Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA). O acesso a alguns direitos, como o atendimento preferencial, também se torna mais custoso aos autistas.

Para que estas e outras informações sobre o autismo e a rotina dos autistas pudessem ser popularizadas, a ONU (Organização das Nações Unidas) criou o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, celebrado em todo o mundo no dia 2 de abril.

“A taxa de autismo em todas as regiões do mundo é alta e a falta de compreensão têm um tremendo impacto sobre os indivíduos, suas famílias e comunidades. A estigmatização e a discriminação associadas às diferenças neurológicas continuam sendo obstáculos substanciais ao diagnóstico e às terapias, uma questão que deve ser abordada tanto pelos formuladores de políticas públicas nos países em desenvolvimento quanto pelos países doadores”, informa a ONU.

Em 2023 foi comemorado pela 16ª vez o Dia Mundial de Conscientização do Autismo

A criação da data foi registrada em dezembro de 2007 (confira o texto original, em inglês) e aprovada durante a Assembleia Geral da ONU, em votação unânime, em janeiro de 2008, ano em que entrou em vigor a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, da qual o Brasil é um dos signatários.

A convenção reafirma o princípio fundamental dos direitos humanos universais. O objetivo é promover e proteger com igualdade e em sua plenitude, todos os direitos e liberdades fundamentais a todas as pessoas com deficiência, e respeitar sua dignidade. “É uma ferramenta vital para promover uma sociedade inclusiva e solidária para todos e para garantir que todas as crianças e adultos com autismo possam levar uma vida plena e significativa”, segundo as Nações Unidas.

Ativistas autistas criticam uso exclusivo da cor azul para representar o espectro

Assim como em qualquer comunidade, a formada por autistas e seus familiares expressam múltiplas linhas de pensamento. Desde o início do século 21, vem se fortalecendo o ativismo protagonizado por autistas, especialmente pelos de grau 1. No Brasil, essa comunidade tem entre seus expoentes: Willian Chimura, Luciana Viegas, Tiago Abreu, Tabata Cristina, Polyana Sá, Gian Martinovic (que também atende por Gia ou Giulia), Lucas Pontes e muitos outros autistas, ativos especialmente nas redes sociais.

Neste contexto, há uma série de críticas apresentadas ao Abril Azul. Ativistas autistas defendem, por exemplo, o uso de um símbolo com a forma do infinito, que englobe todas as cores do arco-íris para lembrar a diversidade não só do autismo enquanto espectro, mas da diversidade de raça, identidade de gênero e sexualidade. Segundo esses ativistas há uma necessidade de enxergar o autista para além de um estereótipo que ainda hoje está muito ligado a uma figura branca, masculina, heteronormativa, pura e infantil.

Não há dados oficiais, por exemplo, de diagnóstico entre autistas adultos, embora venham se tornando cada vez mais comuns. Até mesmo na terceira idade eles vêm se tornando cada vez menos raros, como foi o caso do ator Anthony Hopkins, que soube que era autista após os 70 anos.

Os ativistas autistas brasileiros também fazem críticas constantes ao conceito de anjo azul, adotado principalmente por pais de autistas com maior grau de suporte e um dos temas mais sensíveis dentro da comunidade. O apresentador de TV Marcos Mion, pai de autista e expoente mais popular da comunidade, é adepto da expressão, enquanto ativistas autistas preferem que não seja utilizada.

Polêmicas à parte, o Abril Azul e o Dia Mundial da Conscientização do Autismo ainda são fontes de informação e conhecimento sobre o transtorno, que atualmente está presente em uma em cada 44 crianças, de acordo com os dados mais recentes do CDC. É preciso que essas crianças tenham acesso a diagnóstico, educação e todos os recursos que garantam, dentro do potencial máximo de cada um, sua autonomia, independência e felicidade.

Fonte: Autismo e Realidade / Instituto PENSI / Fundação José Luiz Egydio Setúbal

Biblioteca Ativa – Mês do escritor: Affonso Romano de Sant’Anna​

Affonso Romano de Sant’Anna

Affonso Romano de Sant’Anna nasceu em 1937, em Belo Horizonte. Jornalista, professor universitário, ex-diretor da Biblioteca Nacional, é considerado unanimemente um dos mais importantes poetas brasileiros da atualidade.

Tem mais de 40 livros publicados, e é professor em diversas universidades brasileiras (UFMG. PUC-RJ, URFJ, UFF).  No exterior lecionou em universidades na Califórnia, Koln e Aix-en-Provence. Seu talento foi confirmado pelo estímulo recebido de várias fundações internacionais como a Ford Foundation, Guggenheim, Gulbenkian e o DAAD, que lhe concederam bolsas de estudo e pesquisa em diversos países. Como jornalista trabalhou nos principais jornais e revistas do país: Jornal do Brasil (pesquisa e copy desk), Senhor (colaborador), Veja (crítico), Isto É (cronista), colaborador de O Estado de São Paulo. Escreve também no Estado de Minas e Correio Braziliense.

Publicou dezenas de livros de ensaios, crônicas e poesias, entre os quais: Poesia sobre poesia (Imago, 1975), Que país é este? (Rocco, 1984), Paródia, paráfrase & cia (Ática, 1985), O canibalismo amoroso (Rocco, 1990), O lado esquerdo do meu peito (Rocco, 1992), A grande fala e A catedral de Colônia (Rocco, 1998).

 

Affonso Romano de Sant’Anna (Belo Horizonte MG 1937). Poeta, crítico e professor de literatura e jornalista. Filho de Jorge Firmino de Sant’Anna, capitão da Polícia Militar, e de Maria Romano de Sant’Anna, ambos de orientação protestante. Ainda pequeno, muda-se com a família para a cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais, onde inicia seus estudos e se aproxima da literatura ao freqüentar as bibliotecas públicas. Começa a carreira jornalística em 1953, publicando críticas de cinema e teatro no Diário Comercial e na Gazeta Mercantil. Em 1954, viaja por diversas cidades mineiras pregando o Evangelho em favelas, hospitais e presídios. De volta à capital mineira, conclui em 1962 o bacharelado em letras neolatinas na Universidade Federal de Minas de Minas Gerais – UFMG e publica seu primeiro livro de ensaios, O Desemprego do Poeta. Organiza, com outros poetas mineiros, a Semana Nacional de Poesia de Vanguarda, em Belo Horizonte, em 1963. No ano seguinte, obtém o grau de doutor pela UFMG, com apresentação de tese sobre o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987). Casa-se com a escritora Marina Colasanti (1938), em 1970, e vai residir no Rio de Janeiro. Ministra cursos na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC/RJ e na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, e, como professor convidado, dá aulas de literatura e cultura brasileiras em universidades da França, Alemanha e Estados Unidos. Assume a presidência da Fundação Biblioteca Nacional em 1990. Um ano depois, cria a revista Poesia Sempre, importante veículo de divulgação da poesia nacional no exterior. É nomeado, em 1995, para o cargo de secretário-geral da Associação das Bibliotecas Nacionais Ibero-Americanas. Colaborador assíduo da imprensa em toda sua carreira jornalística, escreve textos para os jornais O Globo, Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil, Jornal da Tarde, Correio Braziliense e O Estado de Minas. Tem poemas traduzidos para o espanhol, inglês, francês, alemão, polonês, chinês e italiano.

 

Obra de Affonso Romano de Sant’Anna: Poesia – Canto e Palavra – 1965; Poesia sobre Poesia – 1975; A Grande Fala do Índio Guarani Perdido na História e Outras Derrotas – 1978; Que País É Este? – 1980; A Morte da Baleia – 1981 ; A Catedral de Colônia e Outros Poemas – 1987; A Poesia Possível – 1987; O Lado Esquerdo do Meu Peito – 1991 ; Textamentos – 1999; Vestígios – 2005; A Cegueira e o Saber – 2006. Crônica – A Mulher Madura – 1986; O Homem que Conheceu o Amor – 1988; A Raiz Quadrada do Absurdo – 1989; De que Ri a Mona Lisa? – 1991; Fizemos Bem em Resistir – 1994 ; Mistérios – 1994; A Vida por Viver – 1997; Que Presente Te Dar – 2002; Nós, os que Amamos Tim Lopes – 2002; Pequenas Soluções – 2002; Antes que Elas Cresçam – 2003; Os Homens Amam a Guerra – 2003. Ensaio – O Desemprego do Poeta – 1962; Drummond, o Gauche no Tempo – 1972; Análise Estrutural de Romances Brasileiros – 1973; Por um Novo Conceito de Literatura Brasileira – 1977; Música Popular e Moderna Poesia Brasileira – 1978; Carlos Drummond de Andrade: Análise da Obra – 1980; Emeric Marcier – 1983 ; O Canibalismo Amoroso – 1984; Política e Paixão – 1984; O que Aprendemos até Agora? – 1984; Paródia, Paráfrase & Cia. – 1985; Como Se Faz Literatura – 1985; Agosto 1991: Estávamos em Moscou – 1991 (com Marina Colasanti); Barroco: Alma do Brasil – 1997; Barroco, do Quadrado à Elipse – 2000; A Sedução da Palavra: Ensaios e Crônicas – 2000; Desconstruir Duchamp: Arte na Hora da Revisão – 2003; Que Fazer de Ezra Pound? – 2003

“Há uma serenidade nos seus gestos, longe dos desperdícios da adolescência, quando se esbanjam pernas, braços e bocas ruidosamente. A adolescente não sabe ainda os limites de seu corpo e vai florescendo estabanada. É como um nadador principiante, faz muito barulho, joga muita água para os lados. Enfim, desborda.

A mulher madura nada no tempo e flui com a serenidade de um peixe. O silêncio em torno de seus gestos tem algo do repouso da garça sobre o lago. Seu olhar sobre os objetos não é de gula ou de concupiscência. Seus olhos não violam as coisas, mas as envolvem ternamente. Sabem a distância entre seu corpo e o mundo.

A mulher madura é assim: tem algo de orquídea que brota exclusiva de um tronco, inteira. Não é um canteiro de margaridas jovens tagarelando nas manhãs.”

(A Mulher Madura

Biblioteca Ativa – Mês do escritor: Gilberto Freyre

Gilberto Freyre

Gilberto Freyre (1900-1987) foi um sociólogo, historiador e ensaísta brasileiro. Autor de “Casa Grande & Senzala” que é considerada, uma das obras mais representativa sobre a formação da sociedade brasileira. Recebeu o Prêmio Internacional La Madonnina, o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, a Grã-cruz de Santiago de Compostela, entre outros.

Gilberto de Mello Freyre (1900-1987) nasceu no Recife, Pernambuco, no dia 15 de março de 1900. Filho do professor Alfredo Freyre e de Francisca de Melo Freyre. Teve como professor particular o inglês Williams. Com o pai, aprendeu latim e português. Estudou no Colégio Americano Batista, no Recife, onde se bacharelou em Letras, sendo o orador da turma. Aos 17 anos, foi para os Estados Unidos como bolsista, fixando-se no Texas, onde ingressou na Universidade de Baylor. Estudou artes liberais no nível de graduação e especializou-se em política e sociologia.

Fez sua pós-graduação, na Universidade de Colúmbia, Nova Iorque, obtendo o grau de mestre com o trabalho “Vida Social no Brasil em Meados do século XIX”, orientado pelo antropólogo Franz Boas, radicado nos Estados Unidos, de quem recebeu grande influência intelectual.

Viajou para a Europa, visitando vários países, completando sua formação acadêmica. No período que ficou no exterior, escrevia artigos para o jornal Diário de Pernambuco, sobre livros e temas diversos. O hábito de escrever em jornais perdurou pela vida toda.

De volta ao Recife, se integrou a sociedade local, despertando grande interesse pelos problemas regionais. Organizou para o Diário de Pernambuco, o “Livro do Nordeste”, com a colaboração de diversas personalidades, com textos de história, literatura, artes e tradições regionais.

Em 1926, no governo de Estácio Coimbra, foi nomeado secretário particular e encarregado do jornal oficioso A Província. Foi professor de Sociologia da Escola Normal. Pela primeira vez se ministrava regularmente essa disciplina numa escola no Brasil. Com a Revolução de 30, acompanhou o governador ao exílio, em Portugal e depois viajou pela Europa e Estados Unidos, ministrando aulas, como visitante, em diversas universidades.

De volta ao Recife, foi convidado pelo reitor da Universidade do Distrito Federal, o educador baiano Anísio Teixeira, para lecionar Sociologia. Tornou-se também técnico do serviço do Patrimônio Histórico Nacional.

Entre 1933 e 1937 escreveu três livros voltados para o problema da formação da sociedade patriarcal no Brasil: “Casa Grande & Senzala”, “Sobrados e Mucambos” e “Nordeste”. Nesse desenvolve teses geográficas, sendo considerado o pioneiro da ecologia.

Na década de 40, Gilberto entra em confronto com o Governador Agamenon Magalhães, chegando a ser preso pela polícia da ditadura. Nas eleições de 2 de dezembro de 1945, foi eleito à Assembleia Constituinte, participando da elaboração da Constituição de 1946. Nela atuou nos setores ligados à ordem social e à cultura, tendo depois reunido seus discursos no livro “Quase Política”.

Gilberto Freire permaneceu na Câmara e apresentou seu projeto para criação do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, órgão que deveria se dedicar ao estudo e à realização de pesquisas sobre as condições de vida do trabalhador rural do Nordeste. Esse Instituto foi depois transformado na “Fundação Joaquim Nabuco”.

Em 1949, voltou ao Recife e de sua casa no bairro de Apipucos, hoje Fundação Gilberto Freire, continuou a pesquisar, escrever e participar de seminários. Realizou frequentes viagens a convite de diversas instituições. Sua viagem à Índia e à África Portuguesa, resultou no livro “Aventura e Rotina”.

Gilberto Freyre ganhou diversos prêmios e condecorações no Brasil e exterior. O Prêmio Anisfield-Wolf, USA, (1957), Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras (conjunto de obras, em 1962), Prêmio Internacional La Madonnina, Itália (1969), “Sir – Cavaleiro Comandante do Império Britânico”, distinção conferida pela Rainha da Inglaterra, (1971) Grã-cruz de D. Alfonso, El Sábio, Espanha, (1983).

Gilberto de Mello Freyre faleceu no Recife, Pernambuco, no dia 18 de julho de 1987.

 

Obra de Gilberto Freyre: Casa Grande & Senzala, 1933; Guia Prático, Heroico e Sentimental da Cidade do Recife, 1934; Sobrados e Mucambos, 1936; Nordeste: Aspectos da Influência da Cana, 1937; Açúcar, 1939; Olinda, 1939; O Mundo Que o Português Criou, 1940; A história de Um Engenho Francês no Brasil, 1941; Problemas Brasileiros de Antropologia, 1943; Sociologia, 1945; Interpretação do Brasil, 1947; Ingleses no Brasil, 1948; Aventura e Rotina, 1953; Ordem e Progresso, 1957; O Recife Sim, Recife Não, 1960; Os Escravos nos Anúncios de Jornais Brasileiros do séc. XIX, 1963; Vida Social no Brasil nos Meados do séc. XIX, 1964; Brasis, Brasil, e Brasília, 1968; O Brasileiro Entre os Outros Hispanos, 1975; Homens, Engenharias e Rumos Sociais, 1987

“A casa-grande do engenho que o colonizador começou, ainda no século XVI, a levantar no Brasil – grossas paredes de taipa ou de pedra e cal, telhados caídos num máximo de proteção contra o sol forte e as chuvas tropicais – não foi nenhuma reprodução das casas portuguesas, mas expressão nova do imperialismo português. A casa-grande é brasileirinha da silva.”

(Casa Grande & Senzala)

Biblioteca Ativa – Mês do escritor: Carolina Maria de Jesus

Carolina Maria de Jesus

Carolina Maria de Jesus (1914-1977). nasceu Sacramento – MG, numa comunidade rural onde seus pais eram meeiros. Moradora da favela do Canindé, zona norte de São Paulo, trabalhava como catadora e registrava o cotidiano da comunidade em cadernos que encontrava no lixo. Ela é considerada uma das primeiras e mais importantes escritoras negras do Brasil.

Aos sete anos, a mãe de Carolina forçou-a a frequentar a escola depois que a esposa de um rico fazendeiro decidiu pagar os estudos dela e de outras crianças pobres do bairro. Carolina parou de frequentar a escola no segundo ano, mas aprendeu a ler e a escrever. A mãe de Carolina tinha dois filhos ilegítimos, o que ocasionou sua expulsão da Igreja Católica quando ainda era jovem. No entanto, ao longo da vida, ela foi uma católica devota, mesmo nunca tendo sido readmitida na congregação. Em seu diário, Carolina muitas vezes faz referências religiosas.

Em 1937, sua mãe morreu, e ela se viu impelida a migrar para a metrópole de São Paulo. Carolina construiu sua própria casa, usando madeira, lata, papelão e qualquer coisa que pudesse encontrar. Ela saía todas as noites para coletar papel, a fim de conseguir dinheiro para sustentar a família.

Quando encontrava revistas e cadernos antigos, guardava-os para escrever em suas folhas. Começou a escrever sobre seu dia-a-dia, sobre como era morar na favela. Isto aborrecia seus vizinhos, que não eram alfabetizados, e por isso se sentiam desconfortáveis por vê-la sempre escrevendo, ainda mais sobre eles.

Carolina mudou-se para a capital paulista em 1947, momento em que surgiam as primeiras favelas na cidade. Apesar do pouco estudo, tendo cursado apenas as séries iniciais do primário, ela reunia em casa mais de 20 cadernos com testemunhos sobre o cotidiano da favela, um dos quais deu origem ao livro “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, publicado em 1960. Após o lançamento, seguiram-se três edições, com um total de 100 mil exemplares vendidos, tradução para 13 idiomas e vendas em mais de 40 países.

Teve vários envolvimentos amorosos quando jovem, mas sempre se recusou a casar-se, por ter presenciado muitos casos de violência doméstica. Preferiu permanecer solteira. Cada um dos seus três filhos era de um pai diferente, sendo um deles um homem rico e branco. Em seu diário, ela detalha o cotidiano dos moradores da favela e, sem rodeios, descreve os fatos políticos e sociais que via. Ela escreve sobre como a pobreza e o desespero podem levar pessoas boas a trair seus princípios simplesmente para assim conseguir comida para si e suas famílias.

O diário de Carolina Maria de Jesus foi publicado em agosto de 1960. Ela foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, em abril de 1958. Dantas cobria a abertura de um pequeno parque municipal. Imediatamente após a cerimônia uma gangue de rua chegou e reivindicou a área, perseguindo as crianças. Dantas viu Carolina de pé na beira do local gritando “Saiam ou eu vou colocar vocês no meu livro!” Os intrusos partiram. Dantas perguntou o que ela queria dizer com aquilo. Ela se mostrou tímida no início, mas levou-o até o seu barraco e mostrou-lhe tudo. Ele pediu uma amostra pequena e correu para o jornal. A história de Carolina “eletrizou a cidade” e, em 1960, Quarto de Despejo foi publicado.

A tiragem inicial de dez mil exemplares se esgotou em uma semana (segundo a Wikipédia em inglês, foram trinta mil cópias vendidas nos primeiros três dias). Seu diário foi traduzido para treze idiomas e tornou-se um best-seller na América do Norte e na Europa. Mas não foram somente fama e publicidade que Carolina ganhou com a publicação de seu diário: despertou também o desprezo e a hostilidade de seus vizinhos, pois, em seu livro, Carolina fala das dificuldades e amarguras da vida na favela. “Você escreveu coisas ruins sobre mim, você fez pior do que eu fiz”, gritou um vizinho bêbado. Chamavam-na de prostituta negra, que havia se tornado rica por escrever sobre a favela, mas que se recusava a compartilhar o dinheiro. Muitas pessoas jogavam pedras e penicos cheios nela e em seus filhos. A raiva dos vizinhos também teria sido motivada pela mudança de endereço de Carolina, para uma casa de tijolos nos subúrbios, o que foi possível com os ganhos iniciais da publicação de seu diário. Vizinhos se juntaram ao redor do caminhão e não a deixavam partir.

A filha de Carolina, Vera Eunice hoje professora,contou, em entrevista, que sua mãe aspirava a se tornar cantora e atriz. Pobre e esquecida, Carolina Maria de Jesus morreu em 1977, de insuficiência respiratória, aos 62 anos.

Carolina jamais se resignou às condições impostas pela classe social a qual pertencia. Em uma vizinhança com alto nível de analfabetismo, saber escrever era uma conquista excepcional. Carolina escreveu poemas, romances e histórias. Um dos temas abordados em seu diário foram as pessoas do seu entorno; a autora descrevia a si mesma como alguém muito diferente dos outros favelados, e afirmava “que detestava os demais negros da sua classe social”.

Ao ver muitas pessoas do seu círculo social sucumbirem às drogas, álcool, prostituição, violência e roubo, Carolina lutou para se manter fiel à escrita, e aos filhos, a quem sustentava vendendo lixo reciclável e com as latas de comida e roupa que encontrava no lixo. Parte do papel que recolhia era guardado para poder continuar escrevendo. 

Escreveu e publicou alguns livros após Quarto de Despejo, porém sem muito sucesso. Seu auge e decadência como figura pública foram fugazes. Isso possivelmente ocorreu devido à sua personalidade forte, que a afastava de muita gente, além da drástica mudança no panorama político brasileiro, a partir do golpe de estado em 1964, que marginalizaria qualquer manifestação popular. 

Além disso, Carolina também escreveu poemas, histórias curtas, e diários breves, embora estes nunca tenham sido publicados. A edição de 1977 do Jornal do Brasil trazia, no obituário da autora, comentários sobre ela supostamente se culpar por não ter sabido aproveitar a sua breve fama, e afirmava que ela havia morrido pobre devido à sua teimosia. No entanto, o que é realmente relevante é a importância da sua história para a compreensão da condição de vida nas favelas brasileiras da época.

Seu livro foi amplamente lido, tanto na Europa ocidental capitalista e nos Estados Unidos, como nos países do bloco socialista, o chamado bloco oriental e Cuba; um abrangente público que mostrava como a sua história havia tocado milhares pessoas fora do Brasil.Para o ocidente liberal, seu primeiro livro retratava um sistema cruel e corrupto reforçado durante séculos por ideais colonizadores presentes nas dinâmicas sociais da população, onde o Estado não atuava da maneira correta para reparar tais erros. Já para os leitores comunistas, suas histórias representavam perfeitamente como o Estado se mostrou falho ao longo dos anos no Brasil, colocando em xeque se o mesmo é capaz de organizar as relações sócio-econômicas presentes no dia a dia.

Obra de Gregório de Matos: Quarto de despejo (1960); Casa de Alvenaria (1961); Pedaços de fome (1963); Provérbios (1963); publicações póstumas: Diário de Bitita (1982); Meu estranho diário (1996); Antologia pessoal (1996); Onde Estaes Felicidade (2014)

Terminaram a refeição. Lavei os utensílios. Depois fui lavar roupas. Eu não tenho homem em casa. É só eu e meus filhos. Mas eu não pretendo relaxar. O meu sonho era andar bem limpinha, usar roupas de alto preço, residir numa casa confortável, mas não é possivel. Eu não estou descontente com a profissão que exerço. Já habituei-me andar suja. Já faz oito anos que cato papel. O desgosto que tenho é residir em favela.

Quarto de Despejo

Processo Seletivo Professores – Etec MCM – 03/2024

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