BIBLIOTECA ATIVA
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Ler maisPoemas Musicados
O Marco Marciano
Poema de Bráulio Tavares, musicado por Lenine e interpretado por Zé Leônidas
Saiba mais sobre Bráulio Tavares em https://editoras.com/author/braulio-tavares/
Letra
Pelos auto-falantes do universo
Vou louvar-vos aqui na minha loa
Um trabalho que fiz noutro planeta
Onde nave flutua e disco voa:
Fiz meu marco no solo marciano
Num deserto vermelho sem garoa
Este marco que eu fiz é fortaleza.
Elevando ao quadrado Gibraltar!
Torreão, levadiça, raio-laser
E um sistema internet de radar:
Não tem sonda nem nave tripulada
Que consiga descer nem decolar.
Construi o meu marco na certeza
Que ninguém, cibernético ou humano.
Poderia romper as minhas guardas
Nem achar qualquer falha no meu plano
Ficam todos em Fobos ou em Deimos
Contemplando o meu marco marciano
O meu marco tem rosto de pessoa
Tem ruínas de ruas e cidades
Tem muralhas, pirâmides e restos
De culturas, demônios, divindades:
A história de Marte soterrada
Pelo efêmero pó das tempestades
Construí o meu marco gigantesco
Num planalto cercado por montanhas
Precipícios gelados e falésias
Projetando no ar formas estranhas
Como os muros Ciclópicos de Tebas
E as fatais cordilheiras da Espanha
Bem na praça central, um monumento
Embeleza meu marco marciano:
Um granito em enigma recortado
Pelos rudes martelos de Vulcano:
Uma esfinge em perfil contra o poente
Guardiã imortal do meu arcano.
Teu Nome Mais Secreto
Poema de Waly Salomão, musicado por Adriana Calcanhoto
https://www.youtube.com/watch?v=8NcJCDR79fc
Saiba mais sobre Waly Salomão em https://www.itaucultural.org.br/busca?q=waly%20salom%C3%A3o
Letra
Só eu sei teu nome mais secreto
Só eu penetro em tua noite escura
Cavo e extraio estrelas nuas
De tuas constelações cruas
Abre-te Sésamo! – brado ladrão de Bagdá
Só meu sangue sabe tua seiva e senha
E irriga as margens cegas
De tuas elétricas ribeiras,
Sendas de tuas grutas ignotas
Não sei, não sei mais nada.
Só sei que canto de sede dos teus lábios
Não sei, não sei mais nada.
https://www.youtube.com/watch?v=yC1qkBjTrpY
Saiba mais sobre Lirinha em
https://interd.net.br/lirinha-do-cordel-do-fogo-encantado/09/06/2023/
Letra
Conforto alucinante, tranquilidade na clareira do caos
O ponteiro, ele rodou mais rápido no mesmo relógio de ontem
O que as horas guardam nos espaços do contra-tempo?
A mulher?
O desejo é um tempo parado
É quando se trocam as datas dos bichos e das flores
É quando aumenta a rachadura da velha parede
É quando se vira a folha, a folha da história
É quando se pinta um fio branco na cabeleira preta
É quando se endurece o rastro de sorriso
No canto dos olhos
Eu sei que a viagem é longa
A voz vai e vem
Você tá aí?
Você tá aí?
Ei, você está aí?
Vontade de abraçar o infinito
https://www.youtube.com/watch?v=utN0k8nf9l8
Saiba mais sobre Mário de Andrade em
https://www.ebiografia.com/mario_andrade/
Letra
No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma
(Herói da nossa gente)
Era preto retinto e filho do medo da noite.
Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia.
Macunaíma já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam a falar exclamava:
– Ai! Que preguiça!…
e não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de paxiúba, espiando o trabalho dos outros e principalmente os dois manos que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força de homem. O divertimento dele era decepar cabeça de saúva. (Pouca saúde, muita saúva pouca saúde, muita saúva os males do Brasil são).
Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro, Macunaíma dandava pra ganhar vintém. (Acuti pita canhém)
(…)
No mucambo si alguma cunhatã se aproximava dele pra fazer festinha, Macunaíma punha a mão nas graças dela, cunhatã se afastava. Nos machos guspia na cara. Porém respeitava os velhos e freqüentava com aplicação a murua a poracê o toré o bacorocô a cucuicogue, todas essas danças religiosas da tribo.